Decidi sair do suporte tradicional da pintura sobre tela em 2016 escolhendo o papelão como suporte da pintura depois de perceber o excesso deles descartados na cidade e gostar dessa relação cidade/reciclagem/atelier. Há 2 anos comecei a olhar o papelão não mais como um meio mas como um fim, e a partir daí virei geométrica e fiz as pazes com minha formação de arquitetura. Deixei à vista os quadrados, os retângulos, as abas e agreguei ao atelier ferramentas como réguas, esquadros, fita. Desse novo olhar criei o Objeto articulável apresentado nessa chamada em madeira, pensando nas possibilidades de movimento entre plano/espaço e também na possibilidade de ocupação do chão, podendo mudar o tempo todo a cada apresentação da obra. Quando voltei em 2020 para pintura sobre tela achei no 1º momento que estava indo contra o que já tinha conquistado como uma pintura que conquistou o espaço, mas logo percebi que poderia desenvolver um espaço ilusório para dentro da tela e criar novos desafios, vide série Aba. Às vezes penso que trabalhar com geometrismo está fora do olhar do mercado mas gosto da ideia de dar continuidade a uma produção dos anos 50 que contamina minha produção em várias questões acima citadas.