O gesto imprime no barro o ritmo de uma criação fluida e generosa. Uma personalidade forte alimenta o fogo de queimas intensas. E a fluidez estende-se até o final do processo quando resultados espontâneos da argila são incorporados ao trabalho,no melhor sentido da filosofia oriental do Wabi-Sabi.   Todas essas marcas sobre a superfície da argila contam a história de como Renata Amaral vem construindo sua obra como artista da cerâmica de alta temperatura há mais de 11 anos.    Seja em seu atelier imerso no verde da Granja Viana, seja em ateliers mundo à fora, sua fertilidade criativa e sua curiosidade modelam sua arte e suavida. E não por acaso que o conceito de “novas possibilidades” está latente em suas esculturas.    Seus casulos, sementes e, mais recentemente, barcos carregam, em si, o arquétipo da travessia e da transitoriedade: de um “lugar” para outro, de um “estado” para outro. Tais obras encapsulam, ao mesmo tempo, a fragilidade e a esperança no futuro. Expressam a promessa de renovação.   A necessidade de tocar o outro está subjacente no fazer da artista. Seja pelo mistério, encatamentoou até mesmo repulsa, Renata provoca a mudança de perspectiva do olhar de seu interlocutor. Convida à ampliação da consciência sobre o mundo e sobre nele estar vivo.