Minha construção com a arte acontece no campo da política. Tudo que eu fotografo e observo é político. Não a toa eu adoro conjecturar sobre política partidária,economica, social. É meu esporte e meu lugar de prática do discurso. A observação da minha fotografia produzida não pode escapar disso. Nunca fui uma fotógrafa de natureza ou abstratos, mas me sinto muito bem com o concreto da cidade e a potência dos corpos em movimento. Dos movimentos sociais e do poder. Eu gosto do poder...especialmente do poder coletivo. Defendi minha dissertação em 2021 pela UNESP, onde pesquisei e refleti sobre a 1a Marcha das Mulheres Indígenas e como ela projetava o futuro naquela narrativa fotografica que escolhi para a pesquisa. Fotografia do poder, do poder do futuro. Eu contei em 2019 que as mulheres indígenas seriam agentes protagonistas do poder no mundo. Bom, a COP27 não me deixa me contrariar. As guerreiras estão tomando os seus lugares de poder. Minha arte, minha fotografia, minha observação fala disso e de outras tantas questões. Não sei me vender como artista porque minha primeira formação é administrativa, então sempre fui muito organizada para abstrair ou sair do bastidor - digamos assim. Mas honestamente, acho que já temos muita gente ocupando o palco e poucos preocupados com bastidores...e este pode ser meu diferencial, na fotografia, na pesquisa, nas palavras, na sacada e na vida. Li uma frase de um artista sul coreano outro dia "Ser humano antes de fazer arte". Ficar no bastidor te faz ver a humanidade sem as máscaras da perfeição. Como fotógrafa as vezes e difícil vender um ideal, as pessoas querem fotos perfeitas, vidas perfeitas. Eu vendo o humano.Talvez por isso eu viva dura (risos). Eu tenho milhares de arquivos ricos sobre vários temas e com muitos rostos, arrisco que valeria uma exposição bonita :)